terça-feira, 1 de janeiro de 2008

Sala de aula é lugar de brincar?

Ao analisar o lúdico no passado verificamos que ele não era valorizado como deveria ser e passamos a entender o porquê da dificuldade dos professores da atualidade em transformar as salas de aula em lugar de brincar. Somos frutos de uma geração onde só se ouvia: “Não mexe que estraga!”, “Olhe com os olhos e não com as mãos!”. Viemos de uma escola castradora onde brincar era raridade e as aulas de Educação Física eram voltadas para formar atletas em corridas e interséries intermináveis. Como disse Carlos Drumond de Andrade, “Brincar com as crianças não é perder tempo, é ganhá-lo”. Se é triste ver meninos sem escola, mais triste ainda é vê-los sentados enfileirados em salas sem ar, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do homem.” Cabe a nós, professores da atualidade escrever um novo capítulo na história da Educação. Qual o papel do professor então? Cabe ao professor perceber que brincando a criança desenvolve a imaginação e o raciocínio, propiciando o exercício da função representativa, da cognição como um todo. Brincando a criança constrói o seu mundo. Ele deve estar convencido da importância do brincar para a aprendizagem, o que não é simples, pois muitos educadores ainda buscam sua identidade na oposição entre brincar e estudar, acreditando que ludicidade e aprendizagem tem que andar separadas. O brincar na escola não significa negligenciar a responsabilidade sobre o ensino, a aprendizagem e o desenvolvimento. Infelizmente, o que ainda se vê é que só se brinca na escola se der tempo, ou na hora do recreio e quanto mais a as séries vão avançando, menos a ludicidade se faz presente. Muitos professores alegam falta de materiais pedagógicos para este fim, mas será este o motivo? Integrar a ludicidade com aprendizagem não é tarefa fácil. Muitos professores simpatizam com a idéia, mas, poucos têm coragem de encarar o desafio, pois é necessário haver uma maior desacomodação. Para quem assiste de fora, uma aula onde a ludicidade se faz presente pode imaginar que esta aula não passa de uma grande perda de tempo. Certamente é uma aula que dá mais trabalho, mas se o professor estiver ciente do seu objetivo para tais atividades, ela será um sucesso e poderá contagiar os pais dos alunos e seus demais colegas. É necessário também que haja uma reformulação nos cursos de Magistério para que formem professores capazes de transformar a escola numa oficina de ludicidade onde o aluno tenha prazer em aprender e estar ali, se tornando um adulto mais feliz que também se permita brincar.